domingo, 12 de julho de 2015

Cabaçal




Diz o diz-que-diz da tradição que no tempo das missão - no tempo que o Crato tinha por nome Miranda e uns pade andarra por essas banda quereno fazê os índio rirá cristão -
havia um dizê que dizia que toda essa freguesia, toda essa região, um dia inda ia se afogá em água muita, munta água de montão. Intão reza a lenda,
nas parlenda das calenda, que um índio da nação Cariri, perseguido pelos branco, foi em tudo quanto era rocha e barranco, atrás de tapá das nascente das água toda as fenda. Diz o disse-me-disse que esse índio desceu os monte e no sopé das encosta tampou das água o chuá das fontes.
 Mas, porém, diz a crendice que um dia esse índio disse que havia de rim de novo pa essas serra e só de mal, pa se vingá dos invasô, ia destampá os manancial.
Aí, tudo dessa toda região, as água hão de cobrí, de roldão. E desse aguacêro só uma coisa o índio há de salvá no terrêro dessas brenha: uma véa imagem de Nossa Senhora da Penha. É ao redó dessa image que de mai inté agosto o povo canta pa santa e dança na festança. Por isso os povão vão e reza e num reza em vão. E nesse nisso de reza é que as banda Cabaçal se reveza, agradeceno o Pai Eterno pela fartura quano tem inverno ou pedino à Virge da Penha pa que no ano que rem o inverno renha. Rem gente de toda parte pa essa festa de riligião e de arte. E nessa arte de pife-pifêro e zambumba-zambumbêro - que passa do pai pu fio e do avô pu neto - é que no Crato com talento nato se destaca a banda arataca dos Irmão Aniceto. (trecho da aula-espetáculo Cabaçal, de ricardo guilherme, ainda inédita)

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