sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Modernismo no Teatro Brasileiro


Vestido de Noiva - 1943
O modernismo no Brasil é um movimento do século XX , a partir da Semana de Arte Moderna (1922), que no teatro se consolidou basicamente pela contribuição, nos anos 1940, de Nelson Rodrigues e Ziembinski, com a estréia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em dezembro de 1943, da peça Vestido de Noiva. Esta encenação é, portanto, para o Teatro Brasileiro, o marco inaugural do movimento modernista, mesmo que historicamente consideremos a aparição da dramaturgia, também inovadora, de Oswald de Andrade, nos anos 1930.

 

A obra pioneira de Oswald de Andrade - com peças como O Homem e o Cavalo e O Rei da Vela - mesmo tendo se antecipado cronologicamente à realização de Vestido de Noiva, não foi encenada a tempo de constituir a primazia de uma revolução à época. Somente o texto de Nelson Rodrigues propicia, pela complexidade de sua narrativa, uma ruptura significativa dos padrões estéticos até então hegemônicos no concernente à dramaturgia, cenografia, direção, iluminação e interpretação, pois os resultados de uma inovação cênica implicam a maturação de um trabalho coletivo e complexo que envolve não apenas desempenhos performáticos, pessoais, mas também o aporte de recursos técnicos.
O teatro transcende a criação literária e exige a aferição do texto perpassada pela expressão dos atores, do diretor, do iluminador, do figurinista, do cenógrafo etc. Essa complexidade requer um processo evolutivo de uma geração com capacidade de abrangência em todas as suas múltiplas formas. Para que em 1943 Vestido de Noiva constituísse uma inovação foi necessário, além de um texto que desconstruiu a linearidade narrativa, um contexto resignificador que o moldasse em termos de cenografia (Santa Rosa) , direção e iluminação (Ziembinski).
Não obstante algumas experiências pré-modernistas de encenadores, como Renato Viana e Álvaro Moreyra, é Ziembinski quem empresta à encenação brasileira (na década de 1940) um sentido de unidade autoral, a partir da montagem de Vestido de Noiva. Ele seria o nosso primeiro diretor-encenador, conceito que pressupõe uma figura capaz de coordenar todos os elementos expressivos do teatro, para criar o que hoje conhecemos como escrita cênica. No modernismo é a figura do encenador que dá unidade ao espetáculo, emprestando-lhe uma visão de mundo, uma reflexão conceitual.

(texto ricardo guilherme)

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