quinta-feira, 18 de junho de 2015

José Carlos Matos (1949-1982)


Gosto de pensar no diretor teatral José Carlos Matos (1949-1982) como se ao pensá-lo, mais uma vez ele, então, estivesse entre nós, em insones assembleias, mobilizando vontades para ações coletivas em favor de todos, do todo, ainda que considerasse opiniões em minorias.
Prefiro vê-lo ressurgir na minha lembrança agora, mas imune ao tempo, ainda jovem, como um velho companheiro de guerra. Quero imaginá-lo como um encenador que volta à cena para continuar processos, aliando teatro e política, sob a referência de sua militância de esquerda porque compreende que, se ambos se fundem, a fusão diminui a cisão entre a arte e a vida que a circunda. Desejo ter meu parceiro de diretoria da Federação Estadual de Teatro Amador e colega-professor do Curso de Arte Dramática da UFC criando de novo novas instâncias de diálogo com as gerações teatrais. Lembro dele e me preparo em vão para encenar mais uma sessão da peça O Evangelho Segundo Zebedeu que juntos fizemos em 1977 no Grupo Grita. Hoje (2013), três décadas após aquele vôo da VASP, tento pensar no Zé como o mesmo Zé, radiante de idéias e ideais, com quem convivi e de quem fui amigo por cerca de dez anos. Todavia, o pensamento por vezes tragicamente me trai, pois há momentos em que penso em José Carlos Matos e é como se enquanto nós o esperássemos retornar a Fortaleza, naquele junho de 1982, ele, de repente, sob o céu de Pacatuba, morresse outra vez. 

(texto ricardo guilherme)

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